A engenharia tem que começar a ser promovida como uma solução para os problemas contemporâneos
O Brasil forma hoje cerca de 32 mil engenheiros por ano, que correspondem a 4,2% do total de formandos nas universidades anualmente. É muito pouco perto da demanda atual do mercado, de pouco mais de 60 mil profissionais anualmente.
Além de formar menos da metade dos engenheiros de que precisa a cada ano, o Brasil tem ainda de enfrentar a disparidade entre a qualificação obtida nas universidades e as necessidades das empresas que procuram um profissional. De acordo com um estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o meio de resolver o problema é o trabalho conjunto de universidades, empresas e governos. A estimativa da instituição, que executa o programa Inova Engenharia, destinado a incentivar a formação de engenheiros, mostra que, em 2012, o mercado terá um déficit de 150 mil engenheiros.
Cada vez menos jovens, especialmente mulheres, estão interessados em tornar-se engenheiros, segundo o relatório da Unesco intitulado “Engenharia: Temas, Desafios e Oportunidades para o Desenvolvimento”. O estudo ouviu mais de 120 especialistas de todo o mundo e, em algumas regiões, a situação se agrava. É o caso da África Subsaariana, que precisará de 2,5 milhões novos engenheiros e técnicos para atingir as Metas do Milênio e o acesso à água potável e saneamento.
Mas a quantidade de engenheiros também está caindo nos países desenvolvidos. Alemanha e Dinamarca registraram uma séria queda no número desses profissionais na maioria dos setores de produção. Até 2020, os dois países terão um déficit de 14 mil engenheiros. O estudo também revelou que desde 1990, o número de matrículas em cursos de engenharia baixou de 5% a 10% em média no Japão, na Holanda, na Noruega e na Coréia do Sul.
A queda pode ser explicada pela percepção de muitos estudantes de que a engenharia é algo chato e trabalhoso, e que o profissional é mal pago se levado em consideração as responsabilidades do ofício. Além disso, a engenharia também tem um impacto ambiental negativo e, na maioria das vezes, é vista como parte do problema e não a solução. Entre 1980 e 1990, por exemplo, o número de mulheres que estudaram engenharia aumentou até 20%, mas desde 2000, a participação feminina vem diminuindo. Em alguns países, menos de 10% das mulheres optam por cursar engenharia. Na Grã-Bretanha, muitas estudantes acreditam que o curso é muito técnico e se trata de uma profissão para homens.
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